Em 2022, o presidente Vladimir Putin sancionou uma lei que expande a restrição ao que o governo considera como “propaganda LGBTQIAPN+”. Desde 2013, o conteúdo relativo à temática já era proibido para crianças e seria para adultos também. No último 22 de março, a Rússia relata que ativistas da comunidade queer serão considerados agentes terroristas.
Chamado de ‘extremistas’, todos que estiverem fora do padrão ou destoante dele, posicionando-se em prol disso, será punido. Que Putin assume posicionamentos criminosos já há algum tempo não é novidade, eles vão de criminalização da liberdade de orientação sexual e identidade de gênero e proibição do casamento homossexual são exemplos. Além de mudanças de gênero, com intervenção cirúrgica ou não.
Não é de hoje que as comunidades queer são consideradas terroristas. Em 1996, Christina Cavallari, que estuda sexualidade feminina, afirma que a homossexualidade é como comportamento perverso. Outros autores como, José Candido Bastos e Waldemar Zusma declaram que “esse comportamento” e a sua inserção no campo social é uma “defesa contra a angústia”, uma “institucionalização do desvio evolutivo da libido” e uma “extinção da família”.
Óbvio que tudo isso não surge do simples nada, mas é construído e institucionalizado e até “cientificamente embasado”. No Brasil, tem-se a sorte de ter uma realidade um pouco mais distante da Russa, mas ainda, sim, é marcada por severos problemas. Primeiro se nasce uma criança queer, depois é tirado tudo dela. “Não pode sentar assim”, “Não pode falar assim”, “Não pode andar assim”. Se a criança ouve uma fala homofóbica e nada acontece, sinaliza-se que a construção de mundo dela perpassa por essas violências que se normaliza e a prepara o que está por vir: a vida adulta será também violenta.
Texto por André Buccarini**
Me lembrei da Anna Freud lendo. Posso estar errada.