Quantos anos você tinha quando deu o primeiro beijo? A primeira gozada? E a primeira transa? Existe algo chamado “invisibilidade sexual de pessoas com deficiência”, que transparece quando não associamos o ato sexual a indivíduos que possuem algum tipo de deficiência, influenciando cada vez mais estigmas errôneos sobre essas pessoas. E é esse tabu que o documentário “TRANSO” mostra como quebrar.
“TRANSO”, documentário média-metragem lançado em 2023, com direção de Lucca Messer, traz a visão e experiência sobre como é ser um adulto com deficiência e ter uma vida sexual ativa. Abordando 12 pessoas como personagens principais de relatos eróticos, o documentário trabalha o redescobrimento colocando luz em algo até então escondido.
Mergulhando calorosamente na vida sexual dos atores, “TRANSO” quebra tabus e preconceitos expondo que ter uma deficiência não é obstáculo para uma vida sexualmente ativa. Sem pudor, censura ou vergonha, os depoimentos falam de intimidades, masturbação, brinquedos eróticos, preferências e confirmam o que muitos pensam não existir: pessoas com deficiência sentem prazer e têm sim uma vida sexual intensa.
A bailarina Mona Rikumbi, que também foi consultora e coprodutora do documentário, conta abertamente como é sua vida sexual após o acidente que a deixou de cadeira de rodas e menciona a santificação da pessoa PCD, “eu não quero ser uma anja, eu quero transar”, afirma. Já o influenciador Fernando Campos combate o capacitismo com deficientes visuais e outras deficiências tratando a vida sexual com naturalidade, como deve ser. São essas pessoas que o documentário visa dar voz, mostrando que, mesmo com sua deficiência, elas transam, sentem desejo, usam e abusam da eroticidade de seus corpos.
Com os relatos tratados no documentário, fica claro como a vida sexual daquelas pessoas foi negligenciada por conta da deficiência e do preconceito. Para aqueles que nasceram assim, o tema sequer era abordado por profissionais ou familiares, e para os que se tornaram deficientes, a indicação foi parar de expressar a própria sexualidade. E essa seria a vida dessas pessoas, proibidas de transar, de sentir prazer, se elas tivessem aceitado o papel imposto pela sociedade, o que não é o caso.
Ao longo dos 75 minutos da obra, o roteirista e produtor Lucca Messer aborda o tema que é tão pouco falado. Através da ONG “Assim somos”, o produtor trabalha com o olhar artístico de pessoas com deficiência. “O tema da sexualidade, comumente e intencionalmente omitido, deve ser evidenciado, a fim de desmistificar preconceitos, promover a normalização do debate e proporcionar maior autonomia a pessoas com deficiência. Por meio de uma ampla diversidade de participantes, “Transo” busca não apenas reconhecer, mas também celebrar a vida sexual das pessoas com deficiência”, relata Lucca Messer.
Disponível na Globoplay, “TRANSO” mostra como podemos quebrar barreiras e estigmas sobre pessoas PCD e como esse assunto deve ser amplamente discutido na nossa sociedade.
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